terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Advento é também uma amostra de como a comunidade crê

P.Ms. Leonídio Gaede
Imagem: Vera Weisheimer

Participando de celebrações de Advento, podemos ter impressões diferentes. Numa linha estão aquelas que dão a impressão de que está sendo anunciado um segundo nascimento de Jesus Cristo. Estas celebrações com tudo o que nelas é dito, mostrado e insinuado, não estão aí só para recordar um acontecimento passado. A própria palavra "Advento" não permite que este tempo seja dedicado somente a recordar que um dia Jesus nasceu lá em Belém. A palavra "Advento" confirma esta linha, pois pode ser traduzida como "chegada" ou "vinda". Numa segunda linha de celebrações estão aquelas que dão a impressão de algo apenas em nível espiritual. O apelo é que devemos abrir os nossos corações para deixar Jesus nascer.  E há ainda outras celebrações das quais é possível sair com a impressão de que o assunto do Advento, na verdade - em se tratatando de assunto para adulto - trata da segunda vinda de Cristo. Isto, porém, é forte para as crianças. Para elas a gente vai misturando o acontecimento de Belém, como se fosse acontecer de novo, mas nós adultos sabemos: Jesus Cristo voltará para o Grande Julgamento (Mt 25). Este é o Advento. Esta é a Vinda. Torna-se, porém, muito complicado invadir todo o clima de confraternização do Natal com o evento da segunda vinda de Cristo que vem embutido com o peso de um julgamento. O que, pois, fazer? Ficar com a infantilidade do transporte para futuro breve de um evento de passado remoto,  desmaterializar o evento, construindo presépios espirituais nos corações ou explicitar a dramaticidade de um julgamento que perpetuará uns no paraíso e outros no fogo do inferno?

O calendário litúrgico da igreja cristã faz uma proposta de leitura da linha do tempo. A celebração do tempo de Advento é um dos resultados desta leitura. Quaresma, Páscoa, Ascensão e Pentecostes são resultados também. O tempo para as comunidades cristãs não se desenvolve em uma linha contínua ascendente. A linha inclui círculos em espiral: uma volta leva adiante completando um círculo, um ciclo ou uma onda histórica. O que você está passando é uma fase que segue na linha da que você sente ter terminado e o que virá e você ainda não conhece é a seqüência do que já foi. Você vive os domingos após Petecostes ou da Trindade sabendo que tudo será passado pelo crivo do julgamento. Os domingos da Quaresma você vive sabendo que o testemunho é martírio. Os domingos de e após Páscoa você vive sabendo que a vida tem a última palavra. No Advento você vive sabendo que algo está por vir. Não podemos acreditar na mesmice. Você está num tempo de Deus, não num tempo próprio. Você não tem o direito de tomar uma decisão a partir do que está passando agora. A salvação de Deus tem história. Não é um impulso de momento.

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