sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Contar histórias bíblicas, recontar e recontar

Era uma vez um tempo e um lugar onde a igreja estava vazia, estava vazia e estava vazia ... Por isso um contemporâneo empreendedor vendeu a ideia: "- Do jeito que está a igreja não vai pra frente. Vamos alugar a torre para colocar antena de celular, antena de televisão, antena de internet e câmera de vigilância". "- Sim", disse outro, "assim teremos comunicação, entretenimento, relacionamento e segurança". "E disso que as pessoas precisam e é isso que as pessoas procuram", ponderou um terceiro. E eis que a cruz - até então única na ponta da torre - passou a ter concorrência.

Acontece que a cruz não tem jogo de cintura e muito menos conhece concorrência. Por isso ela largou em desvantagem. No quesito comunicação, a antena do celular saiu na frente: comunicava com os de perto e de longe, onde quer que  estivessem: fazendo compras no shopping, esquiando na neve, sonolento na poltrona ou obrando no banheiro. Enquanto isso, a cruz só contava com o sino que com seu sonido incomodava quem queria dormir. Um pouco mais abaixo estava o púlpito, bancada de monólogos intermináveis para os sonolentos dos bancos duros. No quesito entretenimento a cruz também ficava para trás. Enquanto a televisão interagia com o público promovendo encontro de dois pobres separados pela necessidade de migrar e arrepiando com a cena do artista que engolia espadas, a cruz não sabia o que pensar das quermesses sujando o pátio ao redor da igreja e tão trabalhosas para a parca liderança despojada. E o que dizer do relacionamento? Enquanto a internet atacava com redes e mais redes, comunidades e mais comunidades, todas dispostas a fazer a vontade do navegador, a cruz há tempo não ouvia mais o sino anunciando uma Bênção Matrimonial, os seus membros não chegavam mais a um acordo sobre a forma de contribuição e a visitação a doentes passava a ser entendida como tarefa de profissionais. Resta o quesito da segurança. A câmera no alto da torre era o irmão maior que não tirava o olho dos irmãos menores: "-Se você fizer, conto para o papai", ameaçava.

As histórias bíblicas - que carregam a Palavra de Deus - vem sendo mantidas por milhares e milhares de anos. Elas estão sempre aí, mas percebidas são especialmente quando as ondas acabaram de passar. É quase como a mãe que aguarda o filho também naqueles períodos em que ele ainda não está pensando em retornar. Mas se e quando retornar, ela terá algo a oferecer. Isto é comunicação. O calendário eclesiástico ou ano litúrgico contem a proposta de um exercício espiritual para o tempo inteiro. É o verdadeiro sentido de entretenimento: 'ter-se entre' pessoas dentro da comunidade. O ano litúrgico contem eventos a comemorar, passagens a recordar, temas a refletir, símbolos a curtir. A vida comunitária propõe relacionamento para pessoas crianças, jovens, adultas, idosas, mulheres, homens, casais, singulares, com deficiência, ... O filho que pediu a herança só voltou a ter segurança quando caiu no abraço do pai, recebeu o anel, calçou a sandália e participou da partilha do novilho cevado. Dali pra frente pouco significaram as incompreensões, as agressões, as quedas e os maus tratos da vida. Ele estava seguro.

Neste contexto está o profundo sentido do gesto de uma comunidade se unir ao redor da encenação do nascimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Trata-se de uma forma de segurar valores para depois da onda. Trata-se do pai que mantém o novilho cevado para a chegada do filho que está cuidando de porcos. Trata-se da nave que carrega, de século para século, um sentido para a comunicação, o entretenimento, o relacionamento e a segurança.

 Isabel e Maria
Flávia e Beatriz, duas mães de família e líderes comunitárias

João Batista e Líder Judeu
Viviane e Débora, tia e sobrinha. Viviane mãe de uma criança de dois anos e Débora recém-confirmada 

José
Isac (mardo de Viviane), construtor, das 7h às 19h na obra e às 20h no ensaio

José e Maria
Isac e Beatriz

José e Maria

José e Maria com o Hospedeiro
Isac e Beatriz e Valdir, aposentado, líder comunitário e vice-presidente da paróquia
O canto comunitário, uma forma de participação


O anjo fala com Maria
Aline (jovem, estudante, orientadora de crianças e filha de agricultores) e Beatriz

Herodes, solitário no poder
Eliézer, jovem  agricultor, vendendo verduras na praia e decorando o texto


Os magos falam com Herodes
Eliézer, Mateus (jovem agricultor e presidente do grupo de jovens), Moisés (estudante, do grupo de jovens) e Edimilson, confirmando.

Simplesmente Anjos

Pastores, Anjos e Magos com José e Maria

Gente do Culto Infantil, Ensino Confirmatório, Juventude e Presbitério

Recebendo o Terno de Reis

Terno de Reis

Nenhum comentário:

Postar um comentário