O filósofo Nietsche teria dito que Deus criou a palavra para ver os humanos se atrapalharem com ela. Talvez não seja bem por isso que Deus criou a palavra, mas que a gente se atrapalha com ela é fato. No período que antecede o Natal temos a oportunidade de assistir a uma série de atrapalhadas no uso das palavras na tentativa de traduzir a mensagem natalina para a nossa realidade. “Nada desses festejos faz sentido, se não deixarmos Jesus nascer em nossos corações”, dizia alguém nesses dias. Entenderam? Como se faz isto? Você pode responder: “isto se faz, aceitando Jesus Cristo como Salvador pessoal”. A pergunta seguinte é: “Como se nota isso?” Ou: “Quais as consequências práticas dessa aceitação?” Tentando responder esta pergunta, a fé cristã dividiu-se em inúmeras confissões. Uma verdadeira trapalhada!
Por isso podemos dizer que enviar uma mensagem de Natal, desejando que Jesus nasça no coração das pessoas, esconde ou revela uma trapalhada histórica da humanidade com aquela palavra de Deus que se tornou carne (“o verbo se tornou um ser humano e habitou entre nós” (João 1.14)).
Uma segunda trapalhada com a atualização do sentido do Natal pode ser considerado o conhecido “Feliz Natal e próspero Ano Novo”. A ideia da prosperidade tem uma carga histórica de opressão e depressão. Temos, por exemplo, a prosperidade da navegação nos séculos XV e XVI que trouxe o Velho Mundo às Américas, tendo como consequência espoliação, exploração, exportação, escravização, extermínio, ... Temos a prosperidade da indústria bélica a nos envergonhar de nossa capacidade de matar. Temos a prosperidade tecnológica na área da produção de alimentos que, além de não acabar com a vergonha da existência de seres humanos famintos, envenenam os que matam sua fome com ela.
Diante disso, escreva uma mensagem natalina que você considera coerente com o que é narrado em Lucas capítulo 2.
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