quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Prédica 22 de setembro de 2013 - Lc 16.1-13

O primeiro contato com o texto dá um susto. Parece que poderíamos dar à parábola um título como JESUS INCENTIVA A CORRUPÇÃO. É claro, na medida em que vamos lendo comentários que estudiosos fazem sobre este texto bíblico, vamos nos convencendo de que não se trata de uma legitimação da corrupção. Mas, vamos deixar de coisa: se não vale corrupção, falso moralismo também não vale. Não vale desconversar, dizendo que o tema central é outro, etc... O texto diz claramente que o cara (administrador, ecônomo) fez uso do expediente da esperteza pra dar a volta numa situação que prometia complicar a vida dele (ficaria sem o emprego, teria de trabalhar na roça ou mendigar). Ele parte, então, para o famoso "cumprimento com chapéu alheio": negocia aquilo que os devedores devem ao seu patrão. Assim, os pontos perdidos com o patrão são compensados pelos pontos ganhos com os devedores. A pergunta é, se entrou dinheiro do patrão na jogada. Talvez não. Como administrador, ele cobrava dos devedores e tinha o direito de aumentar a dívida destes o que garantia legitimamente uma comissão pelo seu trabalho. Ele pode ter queimado essa gordura.

Penso que precisamos levar em conta três pontos: 1) Lucas tem diante de si uma realidade em que há relacionamento de desiguais: donos, intermediários e trabalhadores; 2) Lucas está na construção de uma espécie de diretriz de relacionamento dos grupos cristãos com o contexto maior (um dos textos para o domingo é 1 Tm 2.17. Ali isso está claro); 3) Lucas dá sinais de que a evangelização precisa de ações estratégicas.

Para mim a prédica tem sempre três momentos: caso, tema e apelo. 1) O caso é um artifício que pretende "educar" os ouvidos para o tema que quero tratar. Aqui o caso é uma conversa em torno do susto da ideia da corrupção. 2) O tema é o corpo central da prédica. Aqui ele é uma conversa sobre a arte de negociar. Negociar é negar o ócio. É botar a mão valendo. É resolver a questão do início ao fim. E é botar acento no parceiro, não na gente. 3) O apelo é aquilo que levamos para a segunda-feira e os dias seguintes. Aqui a pergunta pode ser: qual vai ser a sua estratégia pra passar uma mensagem cristã para os seus convivas nos próximos dias ou sempre?
Boa prédica!

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